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Entrevista

Resolver os problemas cooperando

A cooperação com a Europa, em particular, permitiria uma articulação entre as realidades e problemáticas de cada local para uma resolução futura dos problemas

Mauri Eduardo de Barros Heinrich: Prefeito Municipal de Ibirubá.

Por Estelle Mairesse

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Breve apresentação do entrevistado e do contexto do seu governo local:

População : 19.052 de habitantes (censo de 2004)

Extensão: 611,8 km²

Localização: Ibirubá está localizada na Região Sul do Brasil, mais precisamente no Estado do Rio Grande do Sul. Está a 238 Km da capital do Estado, Porto Alegre.

Principais atividades econômicas: é um um pólo regional agropecuário e agricóla, especialmente na produção de trigo, soja e leite.

PIB do município: 364.085.710,00 em 2004 (fonte : IBGE)

PIB per capita: R$ 18.435,42 em 2004 (fonte: IBGE)

Partido político: Partido do Movimento Democrata Brasileiro (PMDB)

Périodo de gestão: terceiro mandato como Prefeito do município de Ibirubá (1988-1992 ; 2000-04 ; 2005-2009 )

O mesmo, já foi vereador (1982-1988) do mesmo município. Também já exerceu a profissão de Economista e Advogado. Já exerceu também o cargo de Presidente de todos os municípios do estado do Rio Grande do Sul (total de 496 municípios) na Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul – FAMURS entre 2005-2006.

Paralelamente ele exerce a função de segundo tesoureiro da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), maior entidade latino-americana desse tipo, representando os interesses de 5562 municípios brasileiros.

Perguntas e respostas:

Segundo o senhor, quais são os três principais desafios da coesão social em seu município e/ou governo local e porque? Por favor, diga-os em ordem de prioridade

O município de Ibirubá é um pólo regional, localizado na região do Alto Jacuí. Apesar de ser relativamente pequena - 20 000 habitantes – vários municípios dependem economicamente de Ibirubá, cuja a economia é tradicionalmente baseada na agricultura e na produção de alimentos (trigo, soja, leite, entre outros). A primeira cooperativa de consumo e produção do Brasil foi criada em Ibirubá no ano de 1917 e foi a primeira cooperativa a receber recursos do Banco Inter-americano de Desenvolvimento (BID).

Além disso, o município de Ibirubá está situado num dos estados mais ricos do Brasil, não tendo com isso problemas tão agudos de pobreza como se pode notar em algumas partes do país. Por exemplo, não tem quase nenhum sem teto, mais conhecido no Brasil como « favelado ». Apresenta somente dois pontos isolados de casas em estado precário, mas estas estão sendo pouco a pouco recuperadas e representam menos de 0,5% das casas do município. O pequeno tamanho da cidade faz com que as condições de vida ainda sejam agradavéis, ao contrário das cidades maiores como Cruz Altas, Passo Fundo por exemplo, onde se observa mais problemas de moradia. Lutar contra esta pobreza é nosso compromisso e é um trabalho regional desenvolvido com outros prefeitos.

O município apresenta uma alta taxa de desenvolvimento e de organização – a origem alemã explica este rigor – oferecendo aos seus cidadãos boas condições de vida, nomeadamente serviços de base (comércio, saúde, escolas, etc.) de qualidade. O alto índice Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e a renda per capita boa comprovam isto.

Apesar disso, reconheço que mesmo assim poderíamos destacar alguns problemas.

A maior dificuldade que encontramos reflete uma realidade nacional: é o problema do saneamento. Tem sido poucos investimentos neste assunto. O município só não pode assumir esta tarefa, ele precisa de recursos exteriores, sobretudo do Governo Federal e da União. É preciso melhorar o sistema de esgoto cloacal. Isso tem conseqüências diretas no meio ambiente: deterioração e contaminação do solos por exemplo.

Para mim, a questão do meio ambiente é o segundo grande desafio que temos que enfrentar no meu município, como também na região. Nós estamos à frente desta questão e meu município poderia tornar-se um exemplo para os municípios vizinhos, nomeadamente no que diz respeito à questão da coleta seletiva de lixo. Enquanto os demais municípios utilizam um consórcio entre vários municípios para baixar os custos, o nosso governo decidiu criar um sistema próprio de coleta e tratamento do lixo urbano. Temos também uma lei que proibe importar lixo para Ibirubá. Além disso, um dos nossos focus é o assunto da educação ambiental. A nossa sólida estrutura financeira, apoiando-se nos recursos oriundos da agricultura, nos permite ter esse tipo de sistema de coleta seletiva de lixo e os demais programas ambientais.

O terceiro assunto problemático para o município de Ibirubá é o que diz respeito ao transporte, sendo aqueles provenientes da infraestrutura das atuais estradas e rodovias do municípios. O estado das estradas é muito precário devido a composição do solo (argila). Isso também é uma realidade brasileira, e não somente do nosso estado. Mas para resolver este problema, é preciso encontrar alternativas, que só podem vir de investimentos exteriores do Estado Federal e também da União. É preciso reformar as rodovias, pois são as ligações necessárias entre as cidades do país, quando se sabe que o principal meio de transportes de mercadorias essenciais para a economia do país efetua-se por este meio.

Na sua opinião, como a cooperação descentralizada e o diálogo regional entre a América latina- Caribe e a União Européia poderiam contribuir a resolver os problemas que o Senhor acabou de mencionar?

O município de Ibirubá ainda não tem iniciado ações de cooperação descentralizada. No entanto, eu vejo-a como uma oportunidade de trocar experiências entre as diferentes regiões envolvidas neste processo. É muito importante para conhecer a realidade de cada local.

O intercâmbio faz com que a gente descubra novos empreendimentos, ações desconhecidas que poderíamos aplicar com mais simplicidade aqui. Neste sentido, o dialógo entre regiões permite trazer alternativas para as ações que futuramente as pessoas possam executar em cada região.

Assim podemos fazer uma leitura das ações empreendidas e uma articulação com a nossa realidade para ver o que é que se pode aplicar nas nossas comunidades.

Poderíamos inspirar-nos de programas de meio ambiente que a Europa tem. Houve por exemplo um programa de saneamento básico desenvolvido no Rio Grande do Sul através de um convênio internacional permitindo a perfuração de poços para o abastecimento da água.

Como um dos representante da CNM, quero destacar o papel fundamental que tem esta associação nessa troca de experiências. Nos últimos dez anos, o movimento muncipalista consolidou-se pela grande oportunidade que tinham os prefeitos em desenvolvê-lo. Tornando-se cada vez mais gestores locais qualificados, agarraram a oportunidade de integrar esta associação para procurar respostas aos problemas que eles encontram nos municípios dos quais têm a responsabilidade. Esta união de todos municípios permitiu enfrentar com mais peso o Governo Federal e o da União e conseguir deste modo muitos benefícios.

 

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